Bolsonaro coloca Lupi e Dino contra a parede ao expor declarações passadas sobre urnas eletrônicas

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro, desta vez utilizando declarações passadas de dois ministros do governo Lula — Carlos Lupi e Flávio Dino — para reforçar sua narrativa de que o processo eleitoral carece de transparência. Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais vídeos e postagens antigas dos dois ministros, nos quais ambos questionam a segurança das urnas eletrônicas e defendem a implementação do voto impresso como forma de garantir a recontagem dos votos.

Em um vídeo de 2021, Lupi, então presidente do PDT e atual ministro da Previdência Social, afirma: “Sem a impressão do voto, não há possibilidade de recontagem. Sem a recontagem, a fraude impera”. Bolsonaro utilizou essa declaração para questionar a ação do PDT, que o acusa de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante uma reunião com embaixadores estrangeiros, em julho de 2022. O partido moveu uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode torná-lo inelegível por oito anos.

Além disso, Bolsonaro recuperou tuítes de 2013 de Flávio Dino, atual ministro da Justiça, nos quais ele afirma ter visto em Recife “a comprovação científica de que as urnas eletrônicas são extremamente inseguras e suscetíveis a fraudes”. Na época, Dino era presidente da Embratur e já demonstrava preocupação com a segurança do sistema eleitoral. Bolsonaro usou essas postagens para questionar a postura atual de Dino, que, como ministro, defende a integridade das urnas eletrônicas e considera ataques ao sistema eleitoral como ameaças à democracia.

Ao expor essas contradições, Bolsonaro busca colocar Lupi e Dino em uma posição desconfortável, sugerindo que suas declarações passadas contradizem suas posições atuais e questionando a imparcialidade do PDT e do governo Lula em relação ao sistema eleitoral. Essa estratégia visa reforçar sua narrativa de que há uma tentativa de deslegitimar suas críticas ao processo eleitoral e de apresentar-se como vítima de uma perseguição política.

A divulgação dessas declarações também tem o objetivo de mobilizar seus apoiadores, reforçando a ideia de que a discussão sobre a segurança das urnas eletrônicas é legítima e deve ser debatida abertamente. No entanto, especialistas em segurança da informação e autoridades eleitorais reiteram que não há evidências de fraudes nas eleições realizadas com urnas eletrônicas no Brasil e que o sistema é seguro e auditável.

A ação do PDT contra Bolsonaro segue em tramitação no TSE, e a divulgação dessas declarações pode influenciar o andamento do processo, além de alimentar o debate público sobre a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro.

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