Prefeitura de Bauru se endivida em R$ 40 milhões — embora o DAE tenha caixa folgado

Nesta sexta (13/6), a Prefeitura de Bauru, por meio da prefeita Suéllen Rosim (PSD), anunciou a assinatura de um financiamento de R$ 40 milhões junto à Caixa Econômica Federal para perfuração de quatro poços e construção de dois reservatórios no Val de Palmas www2.bauru.sp.gov.br+5contraponto.digital+5bauru.sp.leg.br+5. O valor faz parte de um projeto maior, chamado “Água de Todos”, que totaliza R$ 64,5 milhões – sendo R$ 40 milhões via empréstimo e R$ 16,5 milhões em recursos próprios do DAE .

💰 Endividamento desnecessário?

O ponto controverso: o DAE atualmente possui um caixa substancial – segundo dados de 2025, a autarquia amargava saldo acumulado positivo de mais de R$ 731 milhões bauru.sp.leg.br. Ou seja, por que apelar a um empréstimo bancário diante de uma reserva robusta?

O financiamento foi aprovado pela Câmara com urgência e amparado por emenda que exige depósitos regulares pelo DAE para amortizar o empréstimo gov.br+7sampi.net.br+7contraponto.digital+7. Ainda assim, a crítica se impõe: se há recursos disponíveis, faz sentido transferir esse custo à população — por meio de taxas e tarifas — em vez de utilizar o capital já existente?

🚰 Água não é apenas infraestrutura

É importante destacar que o problema estrutural do abastecimento de água em Bauru vai além da expansão de poços e reservatórios. O sistema do DAE enfrenta perdas significativas – segundo estudos prévios, até 48% da água tratada era desperdiçada em vazamentos e tubulações antigas bauru.sp.leg.br+1bauru.sp.leg.br+1. Ou seja, cavar novos poços sem reparar a rede atual é “jogar dinheiro fora” — o que chega aos reservatórios pode vazar antes de chegar às casas.

Além disso, a nova estrutura no Val de Palmas atende, segundo o DAE, cinco poços com capacidade total de 200 m³/h cada, reduzindo em teoria a dependência do Rio Batalha. Mas o que o anúncio não afirma claramente é quanto dessa água adicional será efetivamente captada, tratada e distribuída de forma eficiente — algo que depende do mesmo conjunto de sistemas já deteriorados.

📑 Prioridades questionáveis

  • Recursos próprios ignorados: com saldo milionário, recusar esses fundos e recorrer a empréstimos com juros pode não ser a decisão mais sensata.
  • Falta de transparência sobre alocação de caixa: para que justamente esse dinheiro não foi utilizado? Existe plano oficial detalhando a aplicação do caixa do DAE?

🧩 O que deveria vir antes?

  1. Diagnóstico técnico completo: mapa atualizado de perdas na rede e plano de contenção de vazamentos.
  2. Aplicação do caixa em ações emergenciais, como substituição de adutoras, monitoramento e tecnologias de detecção de perdas.
  3. Uso racional do empréstimo: se realmente necessário, deveria ser empregado em melhorias estruturais, não apenas em ampliar poços.

✅ Conclusão: mais do mesmo?

O financiamento de R$ 40 milhões é anunciado como avanço, mas pode significar, no fundo, aumento de dívida, repasse de custos aos cidadãos e foco na infraestrutura sem corrigir o essencial: perdas e eficiência da rede atual. Sem uma ação eficaz no sistema já existente, a obra corre o risco de ser paliativa — com resultados limitados.

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