BAURU, SP – Em uma ação que levanta sérias questões sobre a gestão ambiental e a transparência pública, a Prefeitura de Bauru, sob a administração de Suellen Rosim, autorizou a remoção de seis árvores no coração da cidade. A medida, que incluiu a supressão de duas frondosas sibipirunas e quatro palmeiras imperiais, se deu a pedido da Igreja Universal do Reino de Deus, vizinha à Praça Dom Pedro II, gerando indignação e colocando em xeque as prioridades do governo municipal.
As árvores, que por décadas ofereceram sombra e contribuíram para o microclima da região central, foram alvo de uma drástica poda em 19 de junho, durante o feriado de Corpus Christi, pela CPFL Paulista. A ação inicial causou estranheza e a CPFL chegou a alegar um pedido da Câmara Municipal por riscos à fiação elétrica, rapidamente desmentido pelo presidente do Legislativo, Markinho Souza. A verdade, no entanto, veio à tona com o desenrolar dos fatos.
Posteriormente, as mesmas sibipirunas foram completamente removidas, juntamente com as palmeiras imperiais ao redor da igreja. A Prefeitura de Bauru confirmou que a supressão total das árvores foi solicitada formalmente pela Igreja Universal através do processo nº 175559/2024 junto à Secretaria de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal (Semmab). Embora a CPFL tenha justificado a remoção por “riscos iminentes à segurança pública e ao fornecimento de energia” e a Semmab tenha apontado que algumas árvores estavam ocas, doentes ou em contato com a fiação, a celeridade e o contexto da decisão levantam sérias dúvidas.
A autorização foi concedida sob o programa “Arborização Mais Segura” e publicada no Diário Oficial. Contudo, a supressão de árvores de grande porte e com valor histórico e ambiental inquestionável, para atender a uma solicitação específica de uma entidade religiosa, suscita um debate sobre o compromisso da administração Suellen Rosim com a preservação do patrimônio verde público em detrimento de interesses privados. A justificativa de risco, embora técnica, parece ter sido o caminho para facilitar um pedido que resultou na perda de importantes exemplares da arborização urbana.
A prefeitura agora responsabiliza a empresa pela remoção de resíduos e tocos e afirma que haverá reposição da vegetação com mudas “apropriadas para áreas sob rede elétrica”. No entanto, a substituição dificilmente compensará a perda de árvores maduras que desempenhavam um papel vital no conforto térmico e na paisagem urbana.
A atitude do governo municipal, ao ceder prontamente a um pedido que resultou na mutilação de parte da arborização central de Bauru, demonstra uma preocupante falta de sensibilidade ambiental e uma possível priorização de interesses particulares em detrimento do bem-estar coletivo e da agenda de sustentabilidade. A população de Bauru merece explicações claras sobre os critérios que levaram a essa decisão e quais são os planos efetivos para garantir que a cidade não perca mais seu valioso patrimônio arbóreo sob justificativas questionáveis.








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