Fanfulla – Períodico

RIO DE JANEIRO – Uma pesquisa recente trouxe à luz um dado alarmante sobre a estrutura tributária brasileira: a população de baixa renda arca com uma carga tributária proporcionalmente três vezes maior do que os chamados super-ricos. A informação, destacada em publicação do jornal O Globo, reacende o debate sobre a regressividade do sistema de impostos no país e o impacto na desigualdade social.

A imagem que acompanha a manchete de O Globo, mostrando uma área densamente povoada, com moradias em encostas, sugere a realidade de muitas comunidades brasileiras onde a maioria da população se enquadra na faixa de menor poder aquisitivo. Este cenário contrasta fortemente com a situação dos super-ricos, que, de acordo com o estudo, conseguem se beneficiar de um sistema que os tributa de forma menos onerosa em relação à sua renda e patrimônio.

Especialistas em economia e finanças públicas há tempos alertam para a característica regressiva do modelo tributário brasileiro, que penaliza mais quem tem menos. Impostos sobre consumo, por exemplo, incidem de forma igual sobre todos os cidadãos, independentemente de sua renda, o que faz com que uma parcela maior do orçamento das famílias de baixa renda seja destinada ao pagamento de tributos. Em contrapartida, a tributação sobre grandes fortunas, heranças e lucros e dividendos, que poderia contribuir para uma distribuição mais justa da carga tributária, ainda é vista como insuficiente.

A revelação desse estudo tende a intensificar as discussões no Congresso Nacional sobre a necessidade de uma reforma tributária que promova maior equidade. A pressão por um sistema mais justo, que alivie o peso sobre os mais vulneráveis e aumente a contribuição dos setores de maior renda, deve ganhar força diante desses novos dados. A questão agora é como o poder público responderá a essa disparidade evidente e se haverá vontade política para implementar mudanças significativas que realmente equilibrem a balança fiscal do país.