Brasília – 16 de agosto de 2025
Após mais de duas décadas de filiação, o ex-ministro e quatro vezes candidato à presidência da República, Ciro Gomes, anunciou nesta sexta-feira sua saída do Partido Democrático Trabalhista (PDT). A decisão ocorre em meio à crise interna da legenda e marca o rompimento definitivo entre o ex-governador do Ceará e o partido que o abrigou desde 2001.
Em comunicado divulgado em suas redes sociais, Ciro afirmou que “o PDT perdeu completamente sua coerência política, ética e programática” e criticou o que chamou de “alianças oportunistas” feitas pela atual direção da legenda. “O trabalhismo virou peça decorativa”, disse, sem citar nomes, mas em clara referência à condução de Carlos Lupi e aos recentes rumos da sigla.
Reaproximação com o PSDB?
Fontes próximas ao ex-ministro indicam que Ciro Gomes pode estar avaliando uma reaproximação com o PSDB, partido pelo qual foi governador do Ceará nos anos 1990. A possibilidade de retorno ao ninho tucano, mesmo que pareça improvável à primeira vista, ganha força diante do reposicionamento do PSDB como uma sigla de centro moderado, tentando se reconstruir após seguidas derrotas eleitorais.
Ciro teria sido sondado por lideranças tucanas ligadas à ala mais progressista do partido, que buscam nomes com densidade eleitoral e experiência para encabeçar um projeto alternativo ao bolsonarismo e ao lulismo em 2026.
A movimentação, caso confirmada, representaria uma guinada estratégica para Ciro — que durante anos se colocou como um crítico duro do “centrismo neoliberal” tucano. Contudo, aliados argumentam que o cenário político atual exige “pontes novas e maturidade para alianças que dialoguem com o centro reformista e o campo democrático”.
PDT em colapso
A saída de Ciro Gomes aprofunda a crise do PDT, que já vinha sofrendo baixas após o fraco desempenho nas eleições de 2022 e o fiasco nas municipais de 2024. Sem nomes de projeção nacional e com dificuldades de articulação regional, o partido enfrenta o risco real de perder relevância no Congresso em 2026 — ou até mesmo de ser engolido por federações maiores.
Lideranças trabalhistas mais tradicionais têm manifestado preocupação com o “esvaziamento ideológico” da sigla, que teria se distanciado do legado de Leonel Brizola para se tornar uma sigla de aluguel em disputas locais.
O que vem a seguir?
Ainda não está claro se Ciro pretende disputar novamente a presidência em 2026 ou se optará por um papel mais estratégico nos bastidores. Há rumores também sobre uma possível tentativa de lançar uma nova legenda ou se integrar a uma federação de centro-esquerda.
O certo é que sua saída do PDT encerra uma fase marcante de sua vida política — e abre espaço para conjecturas sobre seu futuro e seu papel no próximo ciclo eleitoral.








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