“Reze para não ser presa”
Nesta terça-feira, 26 de agosto de 2025, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que integra o governo de Donald Trump, elevou o tom público ao afirmar que a diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, deveria “rezar” para não ser presa — após ter sido demitida por Trump sob acusações não comprovadas de fraude hipotecária UOL Notícias.
Cook, a primeira mulher negra a integrar o conselho do Fed, foi acusada pelo governo Trump de supostamente falsificar documentos para declarar duas hipotecas como residência principal, garantido assim condições mais favoráveis de financiamento . Sem apresentar provas concretas, o governo intensificou a investida retórica, reforçando a percepção de autoritarismo.
Ataques à independência do Federal Reserve
Desde que retornou ao poder no início de 2025, Trump pressionou repetidamente o Fed para reduzir a taxa de juros, criticando publicamente seu presidente, Jerome Powell, e agora mirando em outros membros da instituição UOL Notícias+2UOL Notícias+2. Essa pressão política explícita representa uma ameaça grave à independência do banco central, considerada essencial para assegurar credibilidade e estabilidade econômica .
A ilegalidade por trás da demissão
Trump anunciou a demissão de Cook via carta publicada em sua rede social, alegando “justa causa” – mas especialistas e a própria demitida contestam a legalidade da ação. A lei que rege o banco central dos EUA autoriza a remoção de governadores apenas por conduta grave, um critério que parece não se aplicar aqui.
Cook já declarou sua intenção de não renunciar, afirmando que Trump não possui autoridade para demiti-la e que recorrerá à Justiça para contestar o ato.
Reações e consequências
A movimentação trará repercussões além da política interna: o mercado global reagiu com nervosismo, registrando queda do dólar e alta no ouro — um sinal claro de que a intervenção de Trump no Fed está gerando instabilidade financeira.
Também houve forte repúdio político: a senadora Elizabeth Warren classificou a jogada como “uma tomada de poder autoritária que viola flagrantemente a Lei do Federal Reserve” UOL Notícias. O colunista Josias de Souza, do UOL, chamou atenção para o simbolismo do episódio, destacando que uma mulher negra que enfrenta Trump simboliza um contraponto à natureza autocrática do presidente.
Resumo crítico
Trump parece estar adotando um comportamento tipicamente ditatorial:
- Sem provas concretas, tentou derrubar uma autoridade independente;
- Utilizou retórica intimidadora — inclusive sugerindo que a demitida precise “rezar para não ser presa”;
- Ameaçou judicialmente e verbalmente membros do Fed, corroendo a confiança institucional;
- Em meio à ausência de base jurídica clara, preferiu o poder pessoal à legalidade.
Se confirmado, este caso poderá se transformar num marco jurídico. Ao atacar a separação entre o Executivo e a autoridade monetária — uma base da governança democrática — Trump demonstra inclinação perigosa à concentração de poder.








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