Em 26 de setembro de 2025, o Departamento de Água e Esgotos (DAE) de Bauru anunciou uma nova alteração no cronograma de racionamento, com redução no abastecimento em diversos bairros da cidade — uma medida que agrava o desgaste da população diante da crise hídrica e evidencia falhas graves na administração pública municipal.
O anúncio e os impactos
Segundo o comunicado do DAE, vários bairros serão afetados pela interrupção ou diminuição do fornecimento de água em horários alternados, com o objetivo de segurar os níveis nos reservatórios. A população, porém, já vinha reclamando de instabilidade constante: antes mesmo dessa alteração, muitos moradores enfrentavam pressão baixa, secagens intermitentes e até dias sem água.
Os transtornos atingem diretamente a rotina doméstica, o preparo de alimentos, a higiene pessoal e até o trabalho. Quem depende de água para pequenos comércios e serviços sofre prejuízo financeiro. Em bairros mais afastados, onde a infraestrutura é mais frágil, os impactos são mais severos — e justamente nessas regiões o retorno político costuma ser menor, o que torna o problema menos prioritário à gestão.
Responsabilidades da prefeita e omissões inaceitáveis
A prefeita municipal, ao assumir o comando da cidade, tinha a obrigação de planejar políticas estruturais para lidar com os desafios de escassez hídrica, expandir o sistema de distribuição, buscar fontes alternativas e promover campanhas de consumo consciente — e, mais ainda, fiscalizar e cobrar eficiência do DAE. No entanto, as sucessivas crises de abastecimento indicam que isso não está sendo feito com competência.
Algumas falhas que merecem destaque:
- Falta de planejamento estratégico
A crise hídrica não é surpresa: mudanças climáticas, estiagens prolongadas e degradação ambiental vinham sendo previstas. Mesmo assim, não se observa um plano robusto de longo prazo para garantir reservas suficientes nem alternativas, como a captação de águas pluviais ou reutilização. - Inércia frente às reclamações da população
Moradores vêm alertando para as falhas no abastecimento há meses. A gestão parece reagir apenas no momento da crise, com medidas paliativas, em vez de antecipar os problemas e evitar colapsos. - Desigualdade no atendimento
Bairros centrais ou de população mais ativa politicamente tendem a receber melhor atenção, enquanto periferias enfrentam maiores períodos sem água. Isso evidencia uma gestão com viés eleitoreiro, que valoriza regiões mais “visíveis”. - Comunicação deficitária
O anúncio do DAE foi recebido com surpresa por muitos. A prefeitura poderia, e deveria, se antecipar, explicar motivos, prazos e medidas de emergência à população. A ausência de transparência gera insegurança e descrédito.
Propostas urgentes que faltam
Para sair do ciclo de “apanhar da crise”, a gestão municipal deve implementar urgentemente:
- Revisão completa dos contratos e metas do DAE, com fiscalização externa independente.
- Investimentos em infraestrutura de captação, adutoras, novos poços e reservas estratégicas.
- Parcerias com universidades, institutos de pesquisa e empresas para estudar soluções hídricas públicas e privadas.
- Campanhas efetivas de conscientização sobre uso racional da água, aliadas a incentivos para economia.
- Projetos de longo prazo para enfrentar secas, combinando ações estruturais com adaptação ambiental.
Conclusão
O atual racionamento imposto à população de Bauru não é apenas uma crise pontual: é reflexo de uma administração que, até o momento, demonstrou falta de visão, falta de preparo e de prioridade à infraestrutura essencial. A prefeita precisa assumir responsabilidades concretas, antes que a credibilidade da gestão — e os direitos básicos da população — sejam irremediavelmente comprometidos.








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