A esquerda perdeu o prestígio entre os mais jovens: entenda o porquê.

De acordo com pesquisa feita pela Bloomberg (2025), no Brasil, os jovens da geração Y (1981-1996) e Z (1997-2010) têm apresentado maior preferência política pela Direita, se comparados às demais gerações anteriores. O que ninguém tem dito, nas matérias que estão veiculando a respeito da referida pesquisa, é que existem diversos fatores que tem influenciado esta “guinada à direita” do eleitorado mais jovem.

Primeiro destes fatores, diz respeito à falência do bloco socialista após o término da Guerra Fria: se para o jovem que viveu nos anos 60/70, a União Soviética era vista como um contraponto a ordem capitalista ocidental, e ícones vinculados a esquerda ouriçavam a imaginação dos jovens, como por exemplo, Che Guevara, por uma sociedade igualitária, após o colapso do bloco socialista, isto muda drasticamente.

Quando os regimes socialistas são derrubados nos países do leste europeu, o mundo começa a conhecer a realidade que de fato existia do outro lado da “cortina de ferro” e isto acaba por deixar com que os defensores do socialismo científico ficassem sem argumentos válidos para convencer os jovens ocidentais de que aquilo era algo bom. A internet, que surge e começa a se popularizar imediatamente após a este episódio, não permitia mais esconder a realidade que poloneses, húngaros, tchecos, romenos, ucranianos, dentre outros, viviam durante os regimes socialistas.

O segundo fator diz respeito a algo mais próximo de nós brasileiros: o fracasso das experiências socialistas na América Latina. A constante diáspora de cidadãos cubanos e venezuelanos para outros países da região evidencia com clareza a falência do modelo socialista. Ainda que os defensores destes regimes tentem argumentar que a miséria da população deve-se aos embargos impostos pelos Estados Unidos, é fato notoriamente sabido que há corrupção nos regimes cubano e venezuelano, e que seus líderes políticos vivem como verdadeiros “marajás”, enquanto a população enfrenta situação cada vez mais precária e isto tem se tornado uma realidade de conhecimento geral e comum da sociedade brasileira, como um todo.

O terceiro fator deve-se ao crescimento do número de evangélicos no país, em especial as igrejas pentecostais e neopentecostais. Ainda que, a princípio, nenhuma religião séria imponha a seus fiéis a crença em uma determinada ideologia política, é evidente que há um alinhamento maior entre o que se prega nestas igrejas e as ideologias defendidas pela direita política.

Por fim, um quarto e relevante fator, é o desgaste da própria esquerda, que passou a defender excessivamente as pautas relacionadas a direito de minorias e isto a tem tornado “impopular” perante a sociedade, em especial junto a classes C, a “famosa” classe média baixa. Este cenário mostra-se bastante evidente no comparativo dos cenários eleitorais da cidade de São Paulo de 2000 até os dias atuais, conforme segue:

  • 2000 – PT consegue vitória em quase todo os distritos de São Paulo;
  • 2004 – PT vence apenas nos extremos da Zona Leste, Zona Sul e nos distritos de Pirituba e Parelheiros;
  • 2008 – PT vence apenas no extremo da Zona Sul e nos distritos de Pirituba, Parelheiros, Cidade Tiradentes, Guaianazes e Itaim Paulista;
  • 2012 – PT tem desempenho eleitoral parecido com as eleições de 2004, mas consegue vencer as eleições municipais;
  • 2016 – PT não consegue vitória em nenhum distrito da cidade de São Paulo;
  • PSDB – PSOL vence nos distritos do Campo Limpo, Capão Redondo, M’Boi Mirim, Cidade Ademar, Cidade Tiradentes e Guaianazes;
  • 2024 – PSOL vence apenas no distrito da Sé, Capão Redondo e M’Boi Mirim.

Como se observa acima, a esquerda (PT/PSOL) perdeu “muito terreno” nas regiões periféricas da cidade de São Paulo e isto não é à toa: demonstra, com clareza, a desilusão atualmente existente, entre a população, com a ideologia da esquerda. Regiões como Parelheiros e Marsilac, no extremo sul da capital, que são notoriamente periféricas, a esquerda não tem conseguido apoio daquele eleitorado desde as eleições de 2016.

Em suma, o que tal situação nos permite enxergar: a esquerda se tornou impopular e associada a uma ideia política “fracassada”, aos olhos do eleitor comum, perdendo assim completamente a sua credibilidade eleitoral, em especial junto a camada mais jovem do eleitorado, que diferentemente do que se passava nos anos 90/2000, sofre muito mais influência do que é transmitido através da internet do que nos bancos das escolas e universidades: um péssimo cenário para a esquerda acadêmica brasileira.

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