O lançamento da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro como pré-candidato da “direita bolsonarista”, para as eleições de 2026, pode representar uma verdadeira “pá de cal” para o fenômeno do bolsonarismo, tal como conhecemos atualmente.
Primeiramente, diferente do pai (Jair), Flávio Bolsonaro não é um político de “fortes emoções”; ele sempre apresentou uma postura mais moderada, comparada à de seu pai e de seus irmãos. Famoso pela sua suposta participação no “esquema de rachadinha”, envolvendo movimentações financeiras atípicas em uma loja de chocolates, no estado do Rio de Janeiro, a verdade é que Flávio, diferente dos demais do “clã Bolsonaro”, é um político nato.
Enquanto Jair sempre se sustentou em discursos inflamados, em adotando a retórica do “nós contra eles”, seu filho Flávio agia como um clássico político do “centrão”: sempre presente no cenário político, não muito prestigiado, mas sempre agindo com certa prudência política, logicamente por saber que, uma palavra mal dita em Brasília pode resultar em um desastre de proporções majestosas.
Com o “vazamento da minuta do golpe” e das conversas relacionadas a este suposto plano de romper com a ordem democrática no Brasil, ficou claro que, nos bastidores, Flávio Bolsonaro desencorajava o seu pai a prosseguir com a ideia, enquanto sem irmão, Eduardo Bolsonaro, era um dos principais simpatizantes da ideia de ruptura. Neste episódio, ficou bastante claro que Flávio é um sujeito mais “moderado”, que entende melhor o jogo político e suas consequências, enquanto que Eduardo e Jair são sujeitos mais “explosivos” e até mesmo mais “inocentes” com relação ao que se passa em Brasília.
A verdade é que Flávio só é Bolsonaro no sobrenome, mas ideologicamente está muito distante de seu pai, e a direita sabe muito bem disso: Flávio é “centrão”, um verdadeiro elemento neutro, um político brasileiro clássico, que tem máculas em seu passado, mas claramente não é um “homem apaixonado”, ao contrário, é bastante pragmático e disposto a dialogar com quem for necessário, para se manter no jogo político. O foco de Flávio Bolsonaro é o diálogo não o afrontamento, algo que faltava em seu pai.
Jair Bolsonaro, quando se tornou Presidente da República, se esqueceu de que havia se tornado presidente e manteve a retórica de político de oposição, esquecendo que ele agora era a situação. A diferença entre Bolsonaro e Lula, basicamente, sempre foi esta: Quando Lula se tornou presidente, ele automaticamente descobriu que ele já não era mais oposição e era preciso sentar-se a mesa e negociar, por outro lado, Jair Bolsonaro conduziu seus quatro anos na presidência, de maneira completamente perdida e desorientada, como se ainda fosse um político da oposição.
Por este motivo, Flávio Bolsonaro mostra-se muito superior ao seu pai, neste aspecto: Certamente Flávio saberia conversar, afinal, diferentemente de seu pai, ele nunca foi um opositor tão ferrenho ao PT ou a quem quer que seja, muito pelo contrário, sempre soube equilibrar o peso do sobrenome Bolsonaro com o jogo político que existe (e sempre existirá) em Brasília.
Diante deste cenário, eu poderia até chamar o Flávio Bolsonaro de “Temer da família Bolsonaro”: Ninguém se simpatiza pelo Temer ou o acha carismático, mas o Temer sempre está lá, porque ele entende o jogo político como ninguém. E aqui, entramos em um ponto bem importante: Flávio Bolsonaro dificilmente será eleito presidente.
Apesar de ser Bolsonaro, apesar de entender bem o jogo político, o Flávio tem poucas chances de ser eleito, por um motivo até bastante óbvio: lhe falta carisma e sua imagem está arranhada, até os dias atuais, por conta das “rachadinhas”. Durante os quatro anos de governo de seu pai, Jair não se preocupou em trabalhar positivamente a imagem de Flávio, na realidade, Carlos, Eduardo e até mesmo Michele sempre tiveram mais em evidência, e isto foi um erro imperdoável para o bolsonarismo.
Agora, emplacar o Bolsonaro como bastião para salvar o bolsonarismo e fazer com que ele se torne o novo presidente em 2026, parece ser uma missão impossível (mas não improvável), todavia, de qualquer maneira, na remota hipótese de Flávio ser eleito, ele não replicará o governo de seu pai, pelo contrário, de Bolsonaro, o Flávio possui apenas o sobrenome, o jeito de fazer política é completamente diferente: muito mais pragmático e muito menos apaixonado.







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