Quando surge o trabalhismo brasileiro, Getúlio Vargas e seus aliados, desde o início, mostraram-se sempre inclinados a repudiar qualquer tipo de influência do marxismo, sendo este um ponto de distinção de suma importância, que diferenciou o trabalhismo brasileiro de outros movimentos trabalhistas, ao redor do mundo.
A principal rejeição a qualquer tipo de influência do marxismo, por parte de Getúlio Vargas e seus aliados, diz respeito ao fato de que o marxismo é inimigo da pacificação social: não há como um país ter ordem e paz social, se ele vive sob a égide ideológica do marxismo.
Para o marxismo, se faz sempre necessária a existência de um “inimigo” para motivar a classe trabalhadora em sua luta contínua pela busca do comunismo. Ocorre que o “inimigo” pode ser qualquer um de nós, desde que os líderes do regime assim te defina. O conceito trazido por Karl Marx, a respeito da “luta de classes”, foi continuamente expandido ao longo dos séculos XX e XXI, de forma que a luta marxista sempre tivesse um “combustível ideológico” novo.
Na Revolução Russa, por exemplo, os “inimigos” eram a aristocracia russa, mas em pouco tempo, quando Josef Stalin chega ao poder, os ucranianos serão vistos como uma minoria subversiva e serão brutalmente perseguidos pelo regime, no episódio que ficou conhecido como o Holodomor (1932-1933), que ceifou a vida de milhares de ucranianos inocentes.
Mais tarde, com a independência dos países africanos e do sudeste asiático, que em sua maioria, teve forte influência das ideias marxistas, diversas perseguições feitas a “elite” foram perpetradas por estes novos regimes socialistas, como por exemplo, as práticas absurdas praticadas pelo Khemer Vermelho (1951-1999), no Camboja, que perseguia e torturava qualquer indivíduo que tivesse alguma coisa que o associasse a elite intelectual do país (como por exemplo, usar óculos).
Em suma, o marxismo vem sempre com a retórica de que um determinado grupo, por algum motivo aleatório, de interesse de suas lideranças, é um grupo “elitista” e, por este motivo, necessita ser combatido e, quando não, exterminado, pois é supostamente subversivo e contrário à revolução. Na realidade, em momento algum da história, estes grupos foram efetivamente subversivos, mas foram quase sempre utilizados para legitimar a luta revolucionária, pois sem tais argumentos, a revolução não se justificaria.
E este modelo de “luta de classes” não ficou restrito apenas ao capital, mas a sociedade como um todo e atingiu, inclusive, o país mais capitalista do mundo: os Estados Unidos da América, desde a década de 1960, até os dias atuais.
Nos Estados Unidos, durante o período da luta da comunidade afro-americana pelos direitos civis, houveram dois movimentos populares completamente distintos: o primeiro, liderado por Martin Luther King, que defendia os direitos civis a população afro-americanos, mas sem luta armada ou algo semelhante, mas apenas uma integração efetiva desta população na sociedade estadunidense; por outro lado, o seguindo movimento, que teve como uma de suas principais lideranças, Malcolm X, defendia uma verdadeira luta racial entre “negros e brancos”.
No cenário americano, houve uma “aparente” vitória de Martin Luther King, mas os ideais de Malcolm X e dos panteras negras prevaleceram vivos em alguns setores da sociedade norte-americana, fazendo com que a ideia de luta racial continuasse. Atualmente, mesmo após sessenta anos do fim das leis de segregação racial nos EUA, ainda há clara divisão entre negros e brancos no país, sendo este um claro reflexo de que a questão da luta racial ainda persiste, pois muitas vezes, a decisão de não conviver com brancos acaba partindo dos próprios afro-americanos, aplicando-se a lógica do “racismo reverso”.
Outra questão é a própria “guerra dos sexos”, que foi inaugurada pelo feminismo, que foi fortemente influenciado pelo marxismo, de tal modo que, alguns estudiosos atualmente, estão a defender que não mais existe feminismo na atualidade, mas sim o femismo, pois não se há mais uma busca genuína de igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres, mas sim um movimento para que as mulheres tenham mais poderes que os homens na sociedade, fazendo com que os homens percam gradativamente o seu espaço e se tornem juridicamente submissos às mulheres.
Este questionamento acerca do femismo tem ocorrido fortemente na realidade brasileira, com a aprovação de novas leis de “proteção à mulher” que na realidade estão concedendo poderes, de maneira desproporcional, às mulheres, sem uma justificativa plenamente plausível, haja vista a extrema abrangência da lei penal para punir determinadas condutas em desfavor da figura masculina.
Desta forma, não queremos defender o fim da política de combate à violência doméstica ou o fim da igualdade de gênero, mas estamos chamando a atenção de que, a figura masculina está atualmente sendo vista como o novo “inimigo do povo” pelos marxistas e isto pode (e vai) resultar no surgimento de um problema muito maior: a destruição da família.
Como sabido, diversos países socialistas, de orientação marxista, realizaram experimentos sociais, visando a destruição da família, como por exemplo o que se passou na Romênia de Nicolae Ceausescu (1967-1989): orfanatos estabelecidos pelo governo romeno eram completamente insalubres e as crianças cresciam sem qualquer tipo de afeto ou interação produtiva com adultos, de forma que, com isso, fosse possível gerar uma espécie de “esfriamento emocional” destas crianças.
O ocorrido nos orfanatos romenos se torna ainda mais assustador, quando se percebe que uma parcela significativa das crianças que estavam no orfanato não eram necessariamente órfãs de pai e mãe, mas sim crianças que, por algum motivo, passaram para a custódia estatal. Salienta-se que neste momento, o governo romeno tinha uma forte política estatal de estímulo à natalidade, proibindo o uso de contraceptivos e aplicando sanções a casais que não tivessem filhos. As crianças eram vistas como uma continuidade da nação e a forma de educá-las, obviamente, tinha que ser perfeitamente alinhada à ideologia do regime. Estima-se que mais de vinte mil crianças morreram nos orfanatos romenos.
Logo, o marxismo não te protege, ele te persegue, pois uma hora ou outra, você será o “inimigo do povo”, ainda que não tenha feito mal algum, não importa, os vermelhos precisam de um fantasma para perseguir.







Deixe um comentário