A direita latino-americana tem, por muitas vezes, projetado a imagem do atual presidente de El Salvador, como sendo um modelo a ser seguido pelos demais políticos da região.
Ocorre que, na realidade, Burkele não passa de mais um quadro populista na América Latina: um homem que atende as diversas demandas, com pouco senso crítico, mas forte apelo emocional, postura tipicamente adotada por ditadores.
Embora Burkele não tenha rompido com a ordem constitucional vigente em El Salvador, houve um aparelhamento do Poder Judiciário e de outras instituições, para que figuras simpáticas ao “burkelismo” ocupassem posições estratégicas no país, que seriam necessárias para executar todas as políticas idealizadas por Burkele, em especial no que diz respeito ao combate ao narcotráfico.
Desta forma, não estamos afirmando que o governo de Burkele seja bom ou ruim: inequivocadamente, Burkele tem seus méritos, mas a centralização excessiva de tudo que vem sendo feito em El Salvador, em torno de sua imagem, mostra que aquele país a cada dia se distancia mais de ser um regime democrático.
Na história, por diversas vezes, tivemos a figura de “ditadores benevolentes”, que eram figuras políticas que, com grande poderes concentrados em suas mãos, acabavam por governar de maneira que fosse “a favor do povo”, ainda que o povo não tivesse mecanismos claros de participação na vida política do país.
Desta forma, personalidades como Napoleão Bonaparte, Getúlio Vargas e Josip Broz Tito, podem ser consideradas, em um “balanço geral” histórico, como sendo exemplos de “ditadores benevolentes” e, por este motivo, Nayib Burkele pode, futuramente, se juntar a este quadro, caso suas políticas em El Salvador de fato se mostrem mais benéficas do que maléficas ao povo salvadorenho.
Todavia, apesar dos pesares, o legado segue sendo perigoso, uma vez que Burkele está adotando em El Salvador diversas medidas antidemocráticas, que chamam a atenção internacional e, caso replicadas em outros países, podem dar ensejo ao surgimento de uma série de regimes ditatoriais, na América Latina, orientados à extrema-direita, que nem sempre serão realmente benéficos à população: não é porque há um “ditador benevolente” que defende uma determinada ideologia, que todos seus pares serão iguais em caráter e bondade.
Sem dúvida alguma, é preciso atenção, haja vista que, por detrás de um líder carismático, sempre haverá um aparato estatal, que pode estar sendo utilizado contra ou a favor do povo e seus dissidentes.







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