Presidenciáveis 2026: Breve análise sobre o perfil de cada pré-candidato

Nos últimos dias, alguns partidos políticos acabaram por anunciar seus pré-candidatos à Presidência da República, nas eleições gerais de 2026. Até o momento, temos seis nomes confirmados, que iremos analisar pontualmente, cada um deles, na presente matéria, da maneira mais imparcial possível, baseando-se em fatos e dados (e não em ideologia).

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

O primeiro candidato a ser analisado é o atual presidente, que tentará a reeleição nas eleições de 2026: o Lula. Este já é um velho conhecido do eleitor brasileiro e conquistou pioneiramente o mérito de ter sido o primeiro presidente, eleito três vezes, para o cargo de Presidente da República (2002, 2006 e 2022).

Na última eleição, o Lula somente conseguiu vencer Bolsonaro, por conta do excessivo desgaste da imagem deste último, como Presidente da República, mas, mesmo assim, a vitória ocorreu por uma margem bastante estreita de votos, no segundo turno: Lula venceu com apenas 51% dos votos válidos.

O grande ponto de Lula, que o diferencia de todos os demais candidatos, é que cada governo seu tem uma característica bastante única, então, não seria possível prever como seria o quarto mandato de Lula. Neste terceiro mandato, sua rejeição tem sido bastante elevada (44%), de acordo com os dados da pesquisa IPSOS-IPEC, realizada em dezembro de 2025.

A forte rejeição de Lula pode ser um obstáculo para sua reeleição. Além disso, sua idade elevada (80 anos) é vista também como um fator que pode prejudicar a sua competitividade. Caso Lula não seja reeleito, provavelmente sairá da vida pública após as eleições de 2026 e este poderia ser o fim do Partido dos Trabalhadores (PT), uma vez que o partido não possui um nome para servir como “sucessor de Lula”, que seja considerado competitivo para disputar a Presidência da República e ter chances reais de vitória.

Flávio Bolsonaro (PL)

O nome da “direita-bolsonarista” para as eleições de 2026, não é tão empolgante, mas não é tão ruim quanto parece. Havia forte expectativa que o candidato bolsonarista fosse o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, porém a família Bolsonaro resolveu manter o seu protagonismo e recusou-se a abrir mão de lançar um candidato a Presidência.

Flávio sempre foi o mais pragmático dos filhos do Bolsonaro e, considerando o atual cenário que vivem a família e seus apoiadores, isto pode ser bom para o clã. Diferente de seu pai, Flávio é um político mais maleável, que entende melhor o funcionamento dos bastidores de Brasília e poderia ter conduzido diversos problemas enfrentados pelo seu pai, de maneira mais tranquila e conciliatória.

Por outro lado, Flávio possui um histórico complicado, em razão do escândalo das “rachadinhas”, que maculou significativamente a sua imagem pública. Desta forma, apesar de ser um político mais moderado que seu pai, com bom relacionamento com o “centrão” e com boas habilidades políticas, seu passado lhe condena e isso pode prejudicá-lo significativamente nas urnas.

Ronaldo Caiado (União Brasil)

Como governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado acabou construindo um nome forte e uma boa reputação em torno de sua imagem. De acordo com pesquisa feita pela Quaest, em agosto de 2025, o governo de Caiado era aprovado por 88% dos goianos, um percentual bastante considerável, que mostra que ele tem boas habilidades, como gestor público.

Em termos de idade, assim como Lula, já é um candidato de idade mais elevada (76 anos), mas acreditamos que isto não o prejudicaria significativamente, uma vez que Caiado se mostra bastante vigoroso em suas aparições públicas.

Como o PL acabou indicando Flávio Bolsonaro como seu pré-candidato à Presidência da República e isto desagradou parcela significativa da direita, é bastante provável que Caiado consiga atrair uma parcela significativa de ex-bolsonaristas para sua base aliada, tornando-o bastante competitivo para as eleições de 2026.

Um dos maiores interessados na vitória de Ronaldo Caiado, certamente, é o agronegócio, uma vez que o candidato possui um histórico bem consolidado com o setor e sua chegada à presidência seria vista como algo extremamente positivo para o setor. Por outro lado, este estreito alinhamento com o agronegócio também seria o ponto principal das críticas pela oposição.

Eduardo Leite (PSD)

O atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, surge como um candidato à Presidência da República, mais alinhado ao centro. O perfil do candidato não é ruim, por três motivos: 1) não tem qualquer vínculo com a extrema-esquerda ou com a extrema-direita, nem tampouco com as figuras de Lula ou Bolsonaro; 2) é um candidato jovem (40 anos de idade); 3) não teve nenhum escândalo relevante em sua vida pública.

Por outro lado, Eduardo Leite não possui nenhum mérito significativo para ser enaltecido em sua campanha presidencial: sua aprovação como governador, de acordo com pesquisa feita pela Qaest, em agosto deste ano, é de 58%, número bastante aquém do registrado por Ronaldo Caiado, o que mostra que o candidato é um bom governador, mas nada surpreendente ou excepcional.

Em suma, Leite seria o candidato para quem só quer o fim desta polarização excessiva que vive o país, mas não vislumbramos capacidade no candidato de unificar o país em torno de sua candidatura, por ser um candidato “morno” demais.

Renan Santos (MISSÃO)

Outro candidato jovem, assim como Leite, o Renan Santos possui apenas 41 anos, porém diferente do Leite, é um outsider em um partido político recém-formado, embora já tenha alguma trajetória política, pois o partido foi formado por integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL), que está na ativa desde 2014.

Renan Santos não é um nome com potencial para vencer as eleições, mas certamente poderá ter presença relevante nos debates. A base ideológica de seu partido está alinhada à direita política, porém não tem nada a ver com o bolsonarismo, o que sugere uma base mais ortodoxa, o que não é interessante no presidencialismo brasileiro.

Acreditamos que Renan Santos não tenha chances de sequer chegar ao segundo turno, mas em uma remota hipótese de vitória, o maior desafio de seus aliados, seria formar uma maioria no Congresso para apoiá-lo, o que parece ser algo bastante distante, uma vez que, muito provavelmente, os bolsonaristas tenderiam a não aceitar esta aliança, não por ausência de proximidade ideológica, mas por ego político.

Cabo Daciolo (Sem Partido)

A candidatura de Cabo Daciolo, nas eleições anteriores, graças a seus jargões, acabou rendendo muitos ‘memes’ na internet, tornando o candidato bastante popular, mas com baixa credibilidade eleitoral, para ser eleito Presidente da República.

Ideologicamente, é muito complexo definir o que, de fato, o Cabo Daciolo defende, uma vez que, em apenas onze anos de vida pública, o candidato passou por oito partidos políticos e, no momento, está sem partido.

Não sinto-me seguro em dizer que Cabo Daciolo seja da direita ou da esquerda, acredito que seja mais situacionalista e seu governo, caso viesse a ser eleito, talvez seria frágil, haveria dificuldades significativas para a formação de alianças no Congresso e, possivelmente, poderia acabar não conseguindo terminar o seu mandato, por crises que seriam inevitáveis em seu governo.

BÔNUS: Aldo Rebelo (DC)

Um nome bastante antigo (e conhecido) na política brasileira, Aldo Rebelo era, até pouco tempo atrás (2017), um dos membros mais destacados do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), tendo ocupado diversos cargos políticos ao longo de sua trajetória, principalmente durante o governo de Dilma Rousseff, quando foi Ministro da Defesa, Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação e Ministro do Esporte.

Ocorre que, após o colapso da esquerda após o impeachment de Dilma Rousseff, Aldo Rebelo começou a se bandear para partidos mais moderados, passando pelo PSB (2017-2018), Solidariedade (2018-2019), PDT (2022-2024), MDB (2024-2025) e atualmente está no Democracia Cristã (sim, aquele partido que era praticamente personificado pela pessoa do José Maria Eymael).

Ideologicamente, Aldo Rebelo defende uma pauta de viés mais nacionalista, o que está bastante claro no livro que ele escreveu recentemente: Quinto movimento: propostas para uma construção inacabada.

Ao analisarmos a obra de Aldo Rebelo e sua trajetória política, atualmente não dá para afirmar se ele é ideologicamente de esquerda ou de direita, uma vez que está dentro de um partido de direita, mas ele foi um grande expoente da esquerda nacional e hoje tem forte alinhamento com ideias nacionalistas.

Em termos de preparo político, talvez Aldo Rebelo seja um dos melhores pré-candidatos até o momento, pois conseguiria, nos debates, falar em “pé de igualdade” com o Lula, pois já foram aliados no passado e um conhece exatamente muito bem a trajetória do outro, havendo forte semelhança entre os candidatos: ambos são homens idosos, nordestinos e com forte histórico na esquerda.

Por outro lado, o “Calcanhar de Aquiles” de Aldo Rebelo é justamente seu passado: o eleitor associou a sua imagem fortemente à esquerda e agora convencer o eleitor de que Aldo Rebelo não é um candidato da esquerda é um desafio quase impossível. Desta forma, Aldo não tem potencial algum de atrair votos de grande parte dos eleitores da direita e, por outro lado, tende a ser visto como um traidor, por parte da esquerda, o que pode minguar o seu desempenho eleitoral.

Uma resposta para “Presidenciáveis 2026: Breve análise sobre o perfil de cada pré-candidato”.

  1. Avatar de PSD troca Eduardo Leite por Ratinho Júnior como candidato em 2026 – Fanfulla – Períodico

    […] periódico, falamos sobre os pré-candidatos à Presidência da República nas eleições de 2026 (https://fanfula.com.br/2025/12/11/presidenciaveis-2026-breve-analise-sobre-o-perfil-de-cada-pre-cand&#8230😉 e havíamos pontuado que Eduardo Leite era um candidato “morno” demais para disputar o […]

    Curtir

Deixe um comentário

Fanfulla – Períodico

Fanfulla: compromisso com a verdade

No Fanfulla, acreditamos que a informação de qualidade começa pela honestidade com o leitor. Em tempos de ruído e desinformação, nosso compromisso é com a verdade — ainda que ela seja incômoda, difícil ou contrariada por interesses diversos.

Buscamos fatos. Apuramos com rigor. Questionamos versões prontas. E entregamos ao nosso público uma leitura crítica, independente e fundamentada.

Nosso papel não é agradar, mas informar com responsabilidade. A cada edição, reafirmamos: a verdade é o único caminho possível para quem leva o jornalismo a sério.

Siga nossas redes sociais